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Conheça a relação entre os problemas de visão e a Síndrome de Down

No último domingo, dia 21 de março, foi lembrado em todo o mundo o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data (21/03) faz alusão à alteração genética no cromossomo 21, que deve ser formado por um par, mas que no caso dos portadores da condição é formado por três cromossomos.

As pessoas com Down, especialmente as crianças, apresentam uma tendência maior de desenvolver problemas de visão do que o restante da população. Entretanto, a maior parte delas são tratáveis e não comprometem o desenvolvimento dos pequenos quando diagnosticadas previamente. Conheça um pouco mais sobre o assunto a seguir.

Sobre a Síndrome de Down

A Síndrome de Down é uma alteração genética causada por erro na divisão celular. Geralmente, o ser humano possui 23 pares de cromossomos, que são as estruturas responsáveis por carregar o nosso código genético. Já os portadores da síndrome, ao invés de dois cromossomos no par 21, possuem três. Por essa razão a condição também é chamada de trissomia do cromossomo 21.

Ainda não se sabe ao certo porque esse erro cromossômico acontece, porém as chances de gerar um bebê com Down aumentam à medida que a mulher envelhece. Dados mundiais mostram que cerca de 80% das pessoas que nascem com a trissomia 21 são filhos de mulheres com mais de 35 anos. Além disso, quando um dos pais é portador da síndrome, as chances de que os filhos nasçam com a condição também é maior. 

Apesar das características físicas particulares (como rosto arredondado e olhos puxados) e de um possível desenvolvimento intelectual mais lento, o portador da Síndrome de Down pode levar uma vida normal e fazer o que qualquer outra pessoa faz, como estudar e trabalhar. Para isso, basta que exista uma estimulação precoce desde o nascimento e acompanhamento médico regular, visto que alguns problemas de saúde, como doenças de visão, são mais comuns nesses casos. 

Problemas de visão e Síndrome de Down

Os problemas de visão que mais afetam as crianças com Down são os mesmos que geralmente ocorrem com qualquer outra criança. A diferença é que essas doenças visuais tendem a acontecer com mais frequência e, às vezes, de uma forma mais acentuada nos portadores da síndrome.

Veja a seguir os 5 principais problemas que podem comprometer a visão dos portadores dessa condição.

1. Estrabismo

Em média, 20% das crianças com síndrome de Down desenvolvem estrabismo, uma disfunção que ocorre quando os olhos apontam para direções diferentes. Na prática, a principal origem desse problema na trissomia do cromossomo 21 está relacionada à hipermetropia, erro de refração que compromete a capacidade de enxergar de perto.

Normalmente, ele é mais difícil de ser identificado em portadores de Down devido à aparência distinta das pálpebras (olhos puxadinhos). Por isso, é recomendado que os pequenos que possuam essa condição façam exames de rotina com maior frequência a fim de evitar um diagnóstico tardio.

2. Hipermetropia

Cerca de 40% das crianças com Síndrome de Down, principalmente aquelas em idade pré-escolar, possuem hipermetropia. A doença que compromete a visão de objetos próximos, faz com que os pequenos se esforcem mais para focalizar a imagem. Com isso, não são raros os casos em que um olho apresenta um grau mais acentuado do que o outro, trazendo como consequência para esse lado com a visão comprometida a condição de ambliopia ou olho preguiçoso.

3. Astigmatismo

Estima-se que 30% das crianças com Down, também em idade pré-escolar, têm astigmatismo. O erro de refração, que faz com que as imagens ficam distorcidas e desfocadas, pode estar relacionado a outras doenças da visão, como miopia e hipermetropia.

 

4. Miopia

Mais comum na adolescência, cerca de 14% das pessoas portadoras de trissomia do cromossomo 21 são míopes. A doença compromete a capacidade de enxergar de longe e, como mencionei no tópico anterior, pode estar associada a outros problemas, como astigmatismo.

5. Nistagmo

Você já ouviu falar do nistagmo? Considerada rara, essa condição afeta cerca de 10% das crianças com síndrome de Down. Caracterizado por pequenos movimentos involuntários dos olhos, eles podem se tornar mais perceptíveis quando a criança olha para os lados. Normalmente, a pessoa enxerga melhor de perto do que para longe, portanto é comum que os pequenos prefiram segurar objetos, como livros e dispositivos eletrônicos, bem próximos ao rosto.

A importância do acompanhamento médico

Como vimos, as doenças oftalmológicas rotineiras são mais comuns em portadores de Síndrome de Down, principalmente na fase da infância. Entretanto, elas podem ser tratadas de forma eficaz, especialmente quando diagnosticadas no início.

Por isso, é muito importante as consultas regulares com um especialista a fim de  realizar os exames de rotina, uma vez que problemas de visão persistentes e sem o devido tratamento podem comprometer seriamente o desenvolvimento e o aprendizado. 

De acordo com as Diretrizes de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down, os bebês portadores da trissomia devem passar por uma avaliação com o oftalmologista pediátrico aos 6 e 12 meses. Depois, essas avaliações devem seguir sendo feitas de 0 a 2 anos a cada 6 meses e anualmente dos 2 até os 10 anos de idade.

Drª Paula Borges Carrijo
Oftalmologista
CRM 53336 | RQE 41855

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